quinta-feira, 21 de maio de 2009

A gripe suína matou...

Há poucos meses, quando a cura da gripe dependia apenas de um bom chá receitado pelas avós, os telejornais só noticiavam a crise econômica. As reportagens seguiam a seguinte sequência lógica: empresas anunciando falência e políticos negando a crise. Às vezes se invertiam a ordem de exposição das mesmas notícias. E as pessoas, para variar, com medo. Guardavam o pouco dinheiro que vos sobravam longe das cadernetas de poupança. O que fazia com que o dinheiro desaparece e a crise aumentasse. Era impossível esquecer-se da crise. Em todos os lugares esse era o assunto. Até que alguém se contamina com um tipo de gripe e essa se transforma em um pandemônio.
Eis que as notícias mudam. Surgem diversos casos suspeitos, embora poucos comprovados. Vemos com constância as pessoas de máscaras nas ruas. O México se torna motivo de chacota e um espirro atinge proporções de armas biológicas. Entretanto, a gripe suína (mundial) com todo seu alarde não alcança nem as mesmas proporções de infecção por dengue. Somente no Rio de Janeiro em 2008 ocorreram 174 casos de morte por dengue, enquanto a gripe suína até agora matou no mundo todo 68 pessoas. Mas as pessoas, para variar, com medo.E a crise embora não se inclua em uma dessas vítimas, foi a que morreu primeiro. Dela não se lembram mais. E melhor para todos, pois se esquecer da crise é o primeiro passo para se sair dela. Nos falta agora apenas torcer para que surja alguma coisa que mate o medo.

2 comentários:

  1. Realmente Borges... Nunca parei para analisar dessa forma... É incrível como a todo o momento somos “manipulados” tão facilmente... A mídia trás a “gripe” como o fim do mundo...

    O medo apenas nós mesmos podemos matá-lo...

    É mais ou menos assim você mata o seu que eu mato o meu =)

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  2. Factóide (extraído do Observatório da Imprensa): "Fato, verdadeiro ou não, divulgado com sensacionalismo, no propósito deliberado de gerar impacto diante da opinião pública e influenciá-la." Aparentemente, 90% do que vemos diariamente são factóides. Torçamos para que esta doença de terceiro mundo (dengue) chegue à Suécia. Em pouquissimo tempo teríamos uma vacina para este mal, posto que o investimento científico neste Brasil é tão irrisório que mal dá para o reitor fazer um desviozinho para decorar seu apartamento sem chamar a atenção.

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