segunda-feira, 20 de julho de 2009

Você meu amigo de fé, meu irmão, camarada...

Acalmem-se, não é outro texto sobre Roberto Carlos. Acontece que hoje pela manhã ao abrir meu orkut deparei com diversos votos de congratulações e desejos de felicidades. Algo inusitado, já que não é hoje que comemoro nascimento, que não ganhei nobel de literatura (lógico que é irona)e também não me casei. Lendo com detalhes as mensagens descobri que os votos se referiam ao dia do amigo. Por me considerar amigo dos meus amigos, confesso que a princípio me envergonhei em não saber que hoje se festejava a amizade. Entretanto, meu instinto de historiador rapidamente se sobrepôs ao acanhamento e resolvi descobrir desde quando nessa data se comemoram as amizades. A priori imaginei ser algo recente (pelo meu desconhecimento). E como também é uma invenção recente, deduzi que tal data provavelmente proveu do orkut. Me enganei. Ignorantemente estava errado. E novamente estava envergonhado. Afinal de contas, qual insensível poderia imaginar que um sistema de computação iria criar uma data para se comemorar as leais e companheiras relações de amizade. Todavia, um sempre presente amigo apareceu para me remover a vergonha por completo. Seu nome é Alterego. Ele me confortou de que é absolutamente normal aferir a um sistema de informática a gestão de coisas humanas. Uma vez que nos estacionamentos um cavalheiro robô nos saúda, levanta a cancela e se despede. Que nas telefônicas gentis vozes mecânicas nos fazem companhia por quanto tempo for necessário até chegar alguém que nos atenda (se chegar). Algo sem identidade me enche a xícara de cafe por uma moeda. E não para por aí, assim como temos amigos eletrônicos, também temos inimigos. O que dizer de um chamado Sistema (tão onipresente e invisível quanto Deus) que nega solicitações,cancela pagamentos, desaprova créditos, ignora cartões e te faz esperar na fila por diversas horas. Abalando inclusive a real amizade entre você e seu chefe.
Desprovido da vergonha, e vacinado contra qualquer possibilidade de ser acometido por ela outra vez, recomecei minha investigação sobre a origem do dia do amigo. E não hesitei em consultar um amigo que frequentemente costuma me orientar nos momentos de dúvidas. Seu apelido é Wik, mas seu nome é Wikpédia. E como era de se esperar, com ele encontrei a resposta. Segundo ele, o dia do amigo foi criado por um argentino (por incrível que pareça)e a data faz alusão ao dia em que o homem pisou na lua. Pois para o criador, essa data (acesso à lua) não apenas representa uma evolução científica, mas sim possiblidades do homem fazer amigos em outro locais do universo. Tudo bem que fato é fato e não se discute. Mas entre amigos, prefiro acreditar que foi o orkut quem criou essa data à pensar que ela foi criada para festejar os amigos mais desconhecidos que os robôs, as secretárias eletrônicas, as cancelas e as máquinas de café expresso. Entretanto, para fim de assunto, reais ou imaginários, terráquios ou extra-terrestres, humanos ou robóticos, amigo é coisa séria, coisa rara e coisa boa. Porém não se pode negar que está em extinção.

De Oswaldo Montenegro, a Lista:

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Você não serve pra mim

Aos curiosos e fofoqueiros de plantão aviso que o texto a seguir não é um desabafo de algúem que se desiludiu com alguma experiência amorosa e condoído resolveu dispensar a parceira publicamente. Por mais que o título induza a esse pensamento teledramatúrgico de romance frustrado, os que me conhecem um pouco mais sabem que não é de minha estirpe tornar público algo privativo à dois. O título se refere a uma canção de Roberto Carlos. No meio centenário de carreira, no ano em que vimos novamente um astro ser reconhecido principalmente após a morte e em tempos de crise cultural(quando frutas viraram arte), creio que convém trazer ao blog esse sempre lembrado artista brasileiro. Muito embora possua quase todos os pré-requisitos para adentrar ao grupo dos artistas que detesto, confesso que sou fã. Artista global, ditou moda e fingiu que não viu a ditadura militar em sua época (o que era o mesmo que aceitar). Fez parte de um movimento que valorizava a cultura norteamericana (Jovem Guarda). Provavelmente quem lê o texto, assim como eu, já foi "compulsoriamente" convidado a participar de alguma homenagem para o dia das mães ao som de Como é grande o meu amor por você. Situação em que imputa gratuitamente uma antipatia ao dono da música. É proprietário de um sorriso tão falso que é difícil alguém acreditar que não é só por dinheiro que participa dos especiais de fim de ano da Globo. Mesmo assim suas canções me encantam. Gosto da combinação letras simples e melodia mais ainda. Gosto de ver suas músicas cantadas tanto por ele quanto por outros artistas (excluam dessa regra J.Quest). Aprecio os arranjos que parecem ter sido feitos em caixas de papelão. Admiro suas poucas palavras em entrevistas e também sua simpatia que o faz ser um astro imune de perseguição da implacável imprensa sensacionalista. Em geral, sou fã de Roberto Carlos. Ouço tanto as mais agitadinhas como Tudo que eu gosto é ilegal, imoral ou engorda e as Curvas da Estrada de Santos quanto as mais clássicas como As canções que você fez pra mim, Amada Amante ou Cavalgada. Não concateno da opinião pública que o designa rei (ainda prefiro Chico Buarque), portanto recomendo suas canções aos amigos e inimigos. Aos primeiros recomendo "Eu quero apenas" e aos outros recomendo que se sirvam da canção título do texto.